(Japonês) Quando eu entrei na cidade de Hiroshima, havia corpos cobertos com pano por todo o lado nas ruas. No rio, ainda havia corpos flutuando. Foi uma coisa ... [inaudível] Como a área havia sido completamente arrasada, no começo nós pensamos que era por causa de um enorme terremoto e não o resultado de um bombardeio. Mas depois de um tempo nos demos conta de que não tinha sido um terremoto. O que poderia ter sido? Então, é claro, no dia seguinte ouvimos falar desta coisa chamada bomba atômica.
Nós andamos e andamos, passamos a metade de um dia andando até o outro lado de uma estação [de trem] de Hiroshima. Hm ... o nome da estação ... está assinalado em algum lugar aqui; mas foi isso, andamos até lá. Então chegamos nesta estação em Hiroshima—eu ainda me lembro dela. Foi ao entardecer? Nós finalmente paramos para comer um pouco de nigiri-meshi [bolinhos de arroz], e eu acho que estava um pouco nublado ou chovendo ... Por alguma razão—alguma coisa, eu não lembro o quê—me bateu uma sensação além da imaginação de qualquer pessoa; uma enorme tristeza tomou conta de mim que eu não conseguiria nem começar a por em palavras.
Pois então, eu realmente vivenciei os terríveis efeitos da bomba atômica. Por isso eu digo para as pessoas que armas nucleares nunca, jamais deveriam ser usadas de novo. A experiência pela qual o meu coração passou foi simplesmente...
Mais tarde, eu voltei para o meu comboio e descobrimos que a bomba atômica havia sido jogada no dia 6 de agosto. Nós passamos pela cidade apenas 36 horas depois da bomba. Ou seja, eu consegui escapar do impacto direto, mas é claro que a radiação afetou o meu corpo. Eu sofro dessa enfermidade chamada enfisema pulmonar; eu agora fico sem fôlego facilmente. O médico me disse que provavelmente é um efeito do envenenamento radioativo...
Data: 17 de junho de 2008
Localização Geográfica: Califórnia, Estados Unidos
Interviewer: Yoko Nishimura
Contributed by: Watase Media Arts Center, Japanese American National Museum