(Inglês) E*: Agora, depois … Depois de Slocan, para onde vocês foram? Depois de Slocan, para onde vocês foram?
Depois de Slocan, Toronto. [Interrupção] Não, a gente ficou bem porque – [interrupção] – porque nós não éramos nenhuma ameaça, e … Não, eram as pessoas que eles achavam que eram, você entende … perigosas … Se [eles achassem que] a gente fosse fazer alguma coisa contra a comunidade, então eles nos investigariam. Mas quando você vê uma criança ou um velho … O que é que eles podem fazer? Então a gente ficou bem.
E: Vocês foram … Vocês tiveram alguém que se responsabilizou por vocês? Como vocês … Como vocês conseguiram um lugar para ficar quando vieram para Toronto?
Tivemos, sim.
E: E quem se responsabilizou por vocês?
Meu tio – Não, não o meu tio … O meu sobrinho, George Sato.
E: Ah, o George se responsabiliziou pela vinda da sua família para cá?
Foi.
E: Então o George chegou aqui antes?
Certo, ele chegou aqui antes. Ele estava trabalhando aqui. [Interrupção]
E: Como você … Como é que você se sentiu quando veio para a região leste do Canadá?
Hein?
E: Como você se sentiu quando veio para a região leste do Canadá?
Quando eu vim … Eu não queria vir para cá.
E: Você não queria vir?
Não, não. Eu fui forçada.
E: Você preferia ter ficado na Colúmbia Britânica?
Queria, naquela época.
E: Naquela época.
Mas agora … [Diz não com a cabeça].
E: Por que você acha que você queria ficar na Colúmbia Britânica?
Na Colúmbia Britânica?
E: É.
Porque a gente conhecia todo mundo e não tinha medo de ninguém. Aqui, a gente não sabia para onde estava indo, quem a gente ia encontrar, que tipo de trabalho a gente ia pegar. Você entende o que eu estou querendo dizer? Foi por isso.
E: Quando você veio para Toronto, o que é que você fez?
Costura.
E: Costura?
Cinquenta cents por hora. Não, cinquenta cents por hora. [Interrupção] Osushi por quarenta anos. Um mercado, quarenta anos num mercado. Nossa, quarenta anos num mercado. Eu … Eu … Não que eu esteja doente, mas no ano passado eu senti … Eu estou ficando realmente velha, e eu disse para o Sumi Takashima: “Sumi, eu não acho que eu vou conseguir continuar no ano que vem. Você passa a tomar conta [do mercado]”. Eu tenho tudo escrito de quarenta anos atrás. Quarenta anos atrás … O dia que o mercado abriu, a hora que eu comecei [a trabalhar], a hora que a gente [abria o mercado], quantas caixas tinham, e quantas caixas a gente tinha arrumado na noite anterior. Sabia disso? Eu tenho tudo escrito num livrinho.
* “E” representa o entrevistador (Peter Wakayama).
Data: Dezembro de 2004
Localização Geográfica: Canadá
Interviewer: Peter Wakayama
Contributed by: Sedai, the Japanese Canadian Legacy Project, Japanese Canadian Cultural Center