(Espanhol) Agora vem a parte que eu posso criticar já que estou mais velho. O ensino japonês era ordenado diretamente do Japão: como o aprendizado devia ser feito e o que se devia ensinar. As diretivas vinham diretamente do Ministério de Nihon. Assim sendo, um garoto acabava se formando para se tornar um soldadinho.
Por que estou te contando isso? Eu tinha seis anos quando entrei para a escola. E foi assim que a coisa começou. Como se dava início à aula? Fazendo radio taiso [ginástica japonesa], fazendo exercício. De repente, acabava o exercício e aparecia o diretor que subia num palanque e anunciava para a gente: “Jovens, na noite ... Não. Ontem aconteceu tal coisa ...” Era uma espécie de noticiário sobre assuntos de guerra. “O exército invadiu tal lugar e tomamos tais lugares. Isso demonstra o espírito do exército japonês”. Nihon, banzai! [Viva o Japão!] Nós gritávamos como loucos. Banzai! Isso foi no começo, mas pouco a pouco se passaram os dias, os meses, e nós começamos a nos inteirar sobre a guerra com o império japonês na Ásia; nós passamos a saber o que estava acontecendo.
Por que comunicavam essas coisas a meninos de 6, 7, 8 anos? Isso é o que digo agora, mas era uma situação pela qual Nihon estava passando naquela época, é preciso entender isso. Assim foi a nossa educação, nossa formação. Por isso éramos incrivelmente disciplinados, incrivelmente corretos, incrivelmente educados. Quando uma pessoa mais velha dizia algo, a única coisa que você podia responder era hai [sim]. Ponto. Não havia discussão.
Data: 6 de setembro de 2007
Localização Geográfica: Lima, Peru
Interviewer: Harumi Nako
Contributed by: Asociación Peruano Japonesa (APJ)