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A cultura japonesa celebrada em festas

Visitantes apreciam a florada das sakuras na Festa das Cerejeiras (foto: Tatiana Maebuchi)

Em 2015, completam-se 120 Anos do Tratado de Amizade, Navegação e Comércio entre Brasil e Japão, assinado no dia 5 de novembro de 1895 em Paris, na França. Por isso, os nipo-brasileiros estão comemorando este marco histórico com uma série de eventos.

Alguns são festivais que conheci e frequentei em São Paulo, cidade onde moro atualmente, e dos quais gosto pela importância como representação da cultura japonesa dentro da comunidade de descendentes e também por seu significado no Japão.


Bunka Matsuri mostra artes tradicionais

O Bunka Matsuri - A Festa da Cultura Japonesa é a maior festa anual realizada pelo Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social) em sua sede no bairro da Liberdade, em São Paulo. Celebrada no primeiro semestre do ano, já contou com nove edições.

O grande destaque do evento são as artes mais tradicionais do Japão, como a demonstração da cerimônia do chá, exposição de ikebana, além de apresentações de dança folclórica e oficinas de furoshiki (embrulho com tecido), origami (a arte de dobrar papel), shodo (caligrafia japonesa) e oshibana (arte das flores prensadas). Foi o Bunka Matsuri que me iniciou no contato e aprendizado da cultura japonesa.

Demonstração da cerimônia do chá no Bunka Matsuri
(foto: Gabriel Inamine/Bunkyo)


A bela e triste lenda do Tanabata Matsuri

O Festival das Estrelas - ou Tanabata Matsuri - é inspirado em uma antiga lenda que conta a história da paixão fulminante entre a filha de um poderoso deus celestial, a talentosa tecelã Orihime, e o pastor Kengyu.

O pai da princesa consentiu o casamento entre eles, mas os dois estavam tão apaixonados que se esqueceram de suas obrigações. O deus ordenou, então, que vivessem separados e os transformou em estrelas que ficam em lados opostos da Via Láctea.

Sensibilizado pela tristeza de sua filha, permitiu um único encontro entre o casal no sétimo mês de cada ano. Assim, como agradecimento, Orihime e Kengyu atendem pedidos escritos em papéis coloridos, chamados irogami, que são pendurados em galhos de bambus. Na mitologia japonesa, Orihime é representada pela estrela Vega e Kengyu é a estrela Altair, localizadas nos extremos da galáxia e que se encontram apenas uma vez por ano.

Em São Paulo, a ACAL – Associação Cultural e Assistencial da Liberdade e a Associação da Província de Miyagi realizam a festa desde 1979 no início de julho, na praça da Liberdade. Muitos nikkeis e não descendentes prestigiam o evento anualmente.

Para mim é uma celebração especial, porque esta lenda é muito bonita, apesar de sua história ser um pouco triste.

O Tanabata Matsuri deixa a praça da Liberdade toda enfeitada
(foto: Tatiana Maebuchi)


Festival do Japão e as associações de províncias

O Festival do Japão recebe visitantes do Brasil inteiro todos os anos na segunda quinzena de julho. Realizado pelo Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), o tema escolhido para sua 18ª edição foi exatamente os 120 anos de Amizade entre Brasil e Japão.

O evento é uma ótima oportunidade para provar ou relembrar a culinária típica oferecida pelas associações de províncias japonesas. Os visitantes podem, por exemplo, escolher entre o okonomiyaki (espécie de panqueca japonesa com legumes) de Wakayama, que é feita com uma massa, ou de Fukushima, que em vez disso tem macarrão como ingrediente.

Assim como os outros festivais de cultura japonesa, a festa traz uma variedade de atrações culturais, exposições, shows de dança e música.

O Festival do Japão é a grande festa das associações de província
(foto: Tatiana Maebuchi)


A florada das cerejeiras

Já a Festa das Cerejeiras no Parque do Carmo, Zona Leste de São Paulo, é realizada pela Federação Sakura e Ipê do Brasil entre fim de julho e começo de agosto. Neste ano, chegou à sua 37ª edição.  Como a florada das sakuras  dura somente alguns dias, as flores são cultivadas na última semana de julho especialmente para a festa.

A programação traz apresentações de música e dança, e associações nipo-brasileiras da região de Itaquera, onde localiza-se o parque, preparam e oferecem pratos típicos da culinária japonesa.

O palco e os estandes de comida típica ficam instalados ao lado do Bosque das Cerejeiras, onde existem cerca de 1.500 pés das espécies Oshima, Himalaia e Yukiwari. Esta última, linda e delicada, era a única que estava florida no evento. O parque tem no total 4 mil pés de sakuras.

Aqui no Brasil os descendentes seguem a tradição japonesa de realizar o ritual do hanami, o ato de contemplar as cerejeiras, o que traz paz interior. Ao soprar o vento, se vê um lindo espetáculo da natureza. Os japoneses reúnem-se em piqueniques embaixo das sakuras e acreditam que uma pessoa terá muita sorte se uma flor cair naturalmente sobre ela.

Cerejeiras da espécie Yukiwari estavam floridas no Parque do Carmo
(foto: Tatiana Maebuchi)


Contato com a cultura japonesa

Esses festivais, assim como todos os outros que celebram a cultura japonesa, são importantes para que a comunidade nipo-brasileira mantenha contato com tradições e costumes de seus ancestrais, originalmente japoneses, mas que tiveram influência brasileira.

Considero importantes eventos assim, porque tenho a sensação de que parte de mim se mantém adormecida e desperta quando vejo uma apresentação de taiko, por exemplo. Ou quando vejo nikkeis e não descendentes reunidos em um mesmo lugar para passear e prestigiar a rica cultura de um país que pode nos mostrar e ensinar muitas coisas.

 

© 2015 Tatiana Maebuchi

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