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Kizuna 2020: Bondade e solidariedade nikkeis durante a pandemia da COVID-19

COVID-19 e os heróis anônimos

Todos os países do mundo quase sem exceção, vêm sofrendo dolorosamente os efeitos da terrível pandemia da Covid-19. Alguns mais, outros menos, mas nenhum passou incólume. E não se sabe como e quando ela terminará. Em meu país, Brasil, a situação é muito grave, gravíssima! Até agora menos de 20% da população foi vacinada e, para piorar, o imunizante está se esgotando, sem previsão de retomada por inépcia de nossos governantes. São mais de 400 mil vidas ceifadas, outros milhares de pessoas internadas e os indicadores permanecem em níveis que continuam causando muita apreensão.

O país é muito grande, de dimensão continental e o desnível socioeconômico entre os estados que o compõem, dificulta sobremaneira uma política uniforme e eficiente de enfrentamento a essa devastadora pandemia. Cada estado, cada município e cada cidade, busca com os poucos recursos que dispõe, fazer frente à demanda incessante de cidadãos vitimados pela Covi-19 que necessitam de atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde), dos postos de saúde e hospitais públicos.

Enquanto se trava essa batalha silenciosa contra o novo coronavírus, que acontece em todo o país, das capitais a pequenas cidades do interior, há um front que merece e precisa ser lembrado, pela coragem, eficiência e importância. São os profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à Covid-19. São médicos, enfermeiras, técnicos de saúde, fisioterapeutas e diversas outras categorias que vêm se desdobrando nesses últimos meses no enfrentamento a esse inimigo particularmente invisível, com a missão de não abaixar a cabeça, pois os esforços deles garantirão mais corações batendo em 2021.  Esses trabalhadores estão doando a vida para fazer o melhor de si e salvar vidas.

Plantões exaustivos, dificuldades para respirar diante de tantos itens de proteção. Pacientes terminais e longe da família. Choro de tristeza por mais um óbito; choro de alegria por quem recebe alta. Profissionais da saúde vivenciam esses momentos, diariamente, como se estivessem em uma batalha de uma guerra cruel e inglória. Uma rotina regada de tensão, sacrifícios e exaustão.

Segundo especialistas, tudo isso obriga os profissionais da saúde a passarem por situações extremas de estresse, colocando em risco a sua saúde física e mental. O aumento excessivo da carga de trabalho, do contato direto com doenças contagiosas, da falta de equipamentos e de estrutura nos hospitais e postos de atendimento de urgência em que atuam, expõem esses profissionais a transtornos psiquiátricos, como a síndrome de esgotamento ou burnout, que provoca o sentimento de exaustão, distanciamento mental e problemas cognitivos funcionais relacionados ao trabalho.

E, dentre esses abnegados profissionais é preciso destacar a figura do médico, que assumiu o protagonismo heroico no combate à Covid-19. Não somente pelo ato de salvar vidas, mas principalmente por não medir esforços e levar à risca a missão de cuidar das pessoas, neste que é um dos piores cenários da história recente mundial. O médico tem que ser uma pessoa forte mentalmente e fisicamente. Sua vida pessoal e familiar muda completamente, porque se obriga a ficar confinado, justamente para proteger as pessoas que ama e, ao mesmo tempo, não poder receber aquele carinho caloroso que recebia antes, da esposa e dos filhos.

Dr. Mauro Shosuka Asato, uma figura ímpar no Estado de Rondônia

Dr. Mauro S. Asato, médico infectologista (Foto: Arquivo pessoal)

Dr. Asato ou Dr. Mauro, como também é conhecido, é um exemplo desses profissionais dedicados e quase sempre anônimos, que levam a sério o juramento de Hipócrates que fizeram ao se formarem  e sua atuação, particularmente na assistência às vítimas da Covid-19, serve como exemplo e homenagem a todos os profissionais de saúde, verdadeiros heróis nesta guerra sem rosto e sem trégua.

O infectologista Mauro Shosuka Asato, 63 anos, internado em 25 de março no HGR (Hospital Geral de Roraima), Boa Vista, Capital,  teve alta no dia 22 de abril, quarta-feira, após quatro semanas internado por infecção da Covid-19. A sua alta foi festejada por servidores da unidade médica, que fizeram uma festa com direito a balões e violinistas.

Dr. Mauro, recebido com o carinho e aplausos dos colegas (Foto: Arquivo pessoal)

Dr. Asato, que atua diretamente na linha de frente, atendendo doentes graves no HGR, teve que ser internado no dia 25 de março após sentir os sintomas e fazer uma tomografia que indicou comprometimento dos pulmões. Dois dias depois teve de ser intubado e levado à UTI. Dias depois, teve melhoras e passou a respirar sem a ajuda de aparelhos. Enquanto esteve na UTI, recebeu todo o acompanhamento da equipe multidisciplinar do HGR, que eram todos seus colegas de equipe, foi medicado, passou por todos os protocolos médicos que o caso requeria e agora, segundo a direção do Hospital, seguirá sua recuperação em casa.

Ele ficou exatos 28 dias internado.

Segundo a diretora do HGR, Débora Maia, “Dr. Mauro é um exemplo de força e esperança para todos nós. Ele tem mais de 15 anos de atuação no HGR e, inclusive, também faz parte da equipe que está na linha de frente desde o início da pandemia, no atendimento de pacientes acometidos pela Covid-19. Essa alta de hoje nos deixou otimistas e na certeza de que juntos e unidos passaremos por esse momento e vamos voltar a nossa vida normal”.

Segundo a diretora, ainda é cedo para falar no retorno dele às atividades. “Esse será um segundo momento, uma vez que o tempo de recuperação necessário para o retorno das atividades depende muito do paciente. O importante é que o nosso colega seguirá em casa, mais próximo da família e em uma condição mais tranquila”, complementou.

Vídeos e fotos compartilhados nas redes sociais mostram Dr. Asato saindo do HGR acompanhado de inúmeros colegas festejando a sua alta, enquanto violinistas entoam a música “We are The Champions”.

Dr. Mauro, deizando o hospital (Foto: Arquivo pessoal)

Dr. Mauro Asato é muito querido pelos colegas do Hospital e reconhecido por suas qualidades pessoais e profissionais. Foi Secretário da Saúde, Diretor do Hemocentro de Roraima, Conselheiro do CRM-RR e é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Roraima.

 

© 2021 Katsuo Higuchi

Brazil covid-19 doctor Dr. Mauro Shosuka Asato Kizuna2020 Rondonia

Sobre esta série

Em japonês, kizuna significa fortes laços emocionais. Em 2011, convidamos nossa comunidade nikkei global a contribuir para uma série especial sobre como as comunidades nikkeis reagiram e apoiaram o Japão após o terremoto e tsunami de Tohoku. Agora, gostaríamos de reunir histórias sobre como as famílias e comunidades nikkeis estão sendo impactadas, respondendo e se ajustando a essa crise mundial.

Se você deseja participar, consulte nossas diretrizes de envio. Receberemos envios em inglês, japonês, espanhol e/ou português e estamos buscando diversas histórias do mundo todo. Esperamos que essas histórias ajudem a nos conectar, criando uma cápsula do tempo de respostas e perspectivas de nossa comunidade Nima-kai global para o futuro.

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